segunda-feira, março 17, 2014

À volta do regime militar???JAMAIS

     
      O ano de 1983 foi marcante na minha vida, entrava na faculdade de ciência com habilitação em física, na PUCRS. Sonhava em ser física nuclear e acreditava que a física responderia a todos meus anseios. Estava enganada e acabaria entrando no movimento estudantil e na militância onde continuo até hoje e me formando anos depois em jornalismo. 
           Fiz parte de uma célula, uma tendência petista chamado O Trabalho. O PT dava seus primeiros passos. Olívio Dutra e outros trabalhadores disputavam espaço nos partidos tradicionais, com idéias de melhoria de vida para todos, principalmente para os trabalhadores explorados. Foi o ano de criação da CUT, Central Única dos Trabalhadores. Foi o ano também que organizamos uma greve na PUCRS e eu peguei minha primeira comissão de inquérito para expulsão da universidade.
          De lá pra cá, muita coisa mudou, o lema que defendíamos – Trabalhador vota em trabalhador, ficou ultrapassado. Aliviamos nossos discursos para que todas as classes fossem englobadas dentro de uma visão mais ampla de partido. Hoje estamos no poder, chegar até o topo nos custou um alto preço e percalços ao longo do caminho. Lutamos contra um regime opressor, o regime militar e ainda lutamos contra os filhotes da ditadura que em nome da família, tradição e propriedade, tentam desesperadamente manter o controle de um Brasil imenso e impregnado de mudanças.
          Quando entrei no movimento, conheci muitas pessoas que tinham uma visão da luta de classe, de ideologia, que eu não fazia a menor idéia. Soube que milhares de pessoas tinham perdido a vida torturados pelos militares. Havia um rapaz da engenharia que certa vez começou a ler um livro onde se descrevia a tortura no Brasil. Que mundo era aquele, onde eu estava, que não percebia nada disso. Foi um choque e até hoje não me recuperei.

           As mudanças que o Brasil passou são visíveis e mesmo atrasados em relação a outros países da America Latina, onde os regimes militares se expandiram como uma praga, nós buscamos a verdade mesmo que timidamente, no meu ponto de vista. Hoje temos relatos terríveis de tudo o que passamos, através dos comitês da Verdade e da Justiça. Foram anos de história suja e sanguinária Essa praga ainda continua a disseminar a ignorância entre a população. Esta sendo chamada uma marcha destes filhotes flagelados da ditadura no próximo dia 22 de março. Uma afronta a toda transformação que passa a sociedade brasileira. Ditadura nunca mais, punição para os torturadores, cadeia para os criminosos que mataram crianças, jovens e adultos. Temos que repudiar, denunciar em todos os veículos de comunicação, principalmente a internet. Sabemos que a ditadura não atuou solitária. Tiveram ajuda da Rede Globo e de outros veículos de comunicação, cujo enriquecimento de Roberto Marinho foi proporcional ao reinado da ditadura. Veículos grandiosos que ainda hoje continuam tentando influenciar a população para seu modo de visão do mundo. Onde o rico se safa e o pobre se ferra. Temos que dar um basta. Hoje infelizmente, a tortura ainda existe na policia que corre atrás do jovem negro e pobre da favela. Denuncie essa marcha, mostre do jeito que for, o horror que isso representa ao país. Não podemos mais aceitar apologia ao crime de forma explicita e vergonhosa. TORTURA NUNCA MAIS. MILITARES NO PODER – JAMAIS.

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