segunda-feira, junho 25, 2012

Golpe, jornalistas que não leem e outras coisas da mídia.


   - e dai pessoal, estive escutando essa coisa do golpe no Paraguai, alguns dizem que foi golpe e outros que não. Mas também escutei falarem que a constituição do Paraguai permite que a coisa seja resolvida em pouco tempo. (locutora da Band, com grande audiência entre jovens)
     - Pois é, (outro locutor da mesma rádio) é, a gente fica assim, nessa dúvida mas a Alemanha já reconheceu o novo governo do Paraguai.
     - ah, então é outra estória, a Alemanha é poderosa. ( Nessa fala eu troquei de estação suprimindo meu desejo de ligar para a band ou quebrar o rádio. Fui então para a FM cultura e lá tinha toda a diferença. Estava sendo apresentado a estação cultura com Lena Kurtz.(desculpe Lena se escrevi seu nome errado). Bem, em síntese, a coisa muda de figura, estavam entrevistando uma professora universitária com pleno conhecimento de causa e Lena se mostrou como assídua leitora da literatura latina americana.
     Na minha época de faculdade, além de cadeiras técnicas, tínhamos que estudar Antropologia, história, cultura, semiótica (uma esfera do conhecimento que revela como o indivíduo dá significado a tudo que o certa através de símbolos, signos e mensagens.) Tínhamos que ler muito, tomar conhecimento da realidade. Um bom jornalista é aquele que lê, que mergulha no contexto conjuntural, que sabe ver e prever as causas e porquês dos fatos jornalísticos estarem existindo naquela proporção. Outro detalhe muito importante e fundamental é checar as fontes. A Semana que passou saiu uma notícia divulgada em vários sites sobre uma aliança entre PSOL, DEM, PP e PSDB. Para qualquer conhecedor médio, essa informação seria no mínima impossível. Mas o pior é que esse fato foi divulgado em blogs de jornalista que é também professor universitário. Foi necessário uma série de desmentidos para que a verdade viesse a tona. Hoje, sem dúvida, a informação é a mercadoria mais valiosa do planeta, isso leva o mercado a difundir inverdades, a não prestar atenção ao que se fala em veículos de comunicação.  Essa locutora, citada no início da crônica, é amplamente ouvida por milhares de jovens, uma formadora de opinião que não tem ideia do que fala e nem um pouco preocupada em ler para saber o que dizer. Em uma época que estamos prontos a eliminar a restrição de colher informações de grandes jornais e grande mídia e com amplo acesso a blogs e opiniões, o cuidado com a veracidade dos fatos, saber ler, escrever e ter um mínimo de interpretação e senso crítico são aptidões necessárias para se fazer um bom jornalismo embora, infelizmente sempre existirá a imprensa marrom patrocinada e articulada através da VEJA, GLOBO e companhia.

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