Em 1983 estava eu militando no movimento estudantil da PUCRS, encantada com minha adolescência e as milhares de coisas novas que descobria diariamente e claro, tendo minha primeira comissão de inquérito com vistas a uma possível expulsão. Na época eu estudava Ciências com habilitação em Física. Foi nesse ano que conheci Juremir Machado da Silva, na época um Jovem que para alguns era brilhante, para outros (um pentelho) e outros ainda o consideravam anarquista, não no sentido de postura política mas de anarquia mesmo. Naqueles tempos ele e outros como o (hoje Doutor) Jornalista Álvaro Laranjeira eram chamados de "Os anarquistas". Eles faziam coisas como debochar dos nossos esforços de dar seriedade ao movimento, uma verdadeira lástima. Também se inscreviam todos os anos para concorrer ao DCE da PUC. Além do deboche e as humilhações públicas sobre os grandes pensadores (claro, eles eram da história, liam tudo), organizavam nomes de chapas eleitorais completamente diferente do que estávamos acostumados. Teve uma vez que dizem as línguas dedo-duro que eles organizaram chapas ao DCE porque ganhavam verbas e aproveitaram uma dessas compensações para participarem do festival de Águas Claras, mas confesso que essa acusação nunca ficou provada. Bem, voltando ao nome das chapas, "Divagarei pelos seus olhos a procura de seus votos", "Todos no trem gemem" e um nome muito especial porque houve um racha entre os anarquistas em certa ocasião que agora não me lembro, então ficou assim - "Nesta chapa o Juremir não esta".
Passada nossa fase de faculdade, Juremir Machado da Silva continuou polêmico, dividindo opiniões mesmo para aqueles que leem sua coluna diária no Correio do Povo. Uma grande polêmica , ainda quando trabalhava na RBS, foi com a família Veríssimo, Juremir conseguiu brigar com o flho e teria conseguido uma séria discussão com Érico Veríssimo se este já não estivesse morto. E eis que hoje me deparei com esta crônica. Estou um pouco assustada, será o sinal dos fins dos tempos? Seja o que for, é uma crônica brilhante de alguém que odiado ou não consegue mostrar através das palavras sua opinião, e sua veracidade. Juremir Machado da Silva pode ser tudo, menos uma fraude, ele é o que é e não tem o menor pudor em se mostrar verdadeiro. Segue texto abaixo.
"Tenho torcido muito pela recuperação total de Luís Fernando Verissimo. Quero que todo ser humano tenha saúde e longa vida. Há 17 anos, voltando da França, critiquei Verissimo. Ataquei o seu estilo, que raramente me convence, o pouco engajamento do seu pai na luta contra todos os abusos da ditadura, não apenas contra a censura, e o esquerdismo do cronista, que, no contexto da queda do muro de Berlim e do inventário do estragos do stalinismo, parecia-me esdrúxulo e anacrônico. Não me arrependo de coisa alguma.