segunda-feira, fevereiro 15, 2010

SAÚDE PÚBLICA

Tenho percebido que a vida do brasileiro mudou. Vejo as pessoas com mais confiança no futuro. A situação financeira do país tem melhorado gradativamente. Nas lojas, os vendedores de eletro domésticos sorriem com muita satisfação, ao mesmo tempo em que todos os indicadores econômicos prevêem um Brasil que no futuro será a quinta economia do mundo. Boa noticia. Neste curto parágrafo a palavra chave girou em torno de economia. Mas eu me pergunto – é realmente a disponibilidade financeira em comprar bens de consumo que faz um país ser melhor ou pior que outro? Creio que não e pensando nisso me lembro de núcleos familiares onde famílias mesmo com situação precárias, porém unidas conseguiram sobreviver e alcançar a tão sonhada qualidade de vida. Esses núcleos, essas famílias tinham SAÚDE. Nosso país me lembra um velho abastado, porém fraco, decadente, doente.

No final da década de 80 foi implantado o SUS (Sistema Único de Saúde) que objetivava fornecer saúde a todas as pessoas independente de poderem ou não pagar por ela. Nessa fase eu me recordo que eu e minha família tínhamos a carteira do INAMPS. Todos os brasileiros viam a oportunidade de uma vida melhor através do SUS. O projeto de que todas as pessoas tenham acesso à saúde é fantástico, porém na prática o SUS recebe tanto boicote, que trás revolta a população. Hospitais lotados, falta de leitos, faltam de médicos, de especialistas, hospitais sem as mínimas condições de atendimento a população. Demora no atendimento, dificuldade de acesso, pessoas morrendo nas filas de espera. Isso é que tem se transformado o SUS. Aqui no RS temos, dentro do SUS, um sistema unificado de atendimento que funciona assim – primeiro, é necessário tirar ficha em um posto de saúde (perto de sua casa), depois aguardar um mês ou mais para a primeira consulta. Realizada essa consulta que irá definir se haverá necessidade de uma segunda com um especialista, você vai para a central de marcação. Essa central marcará a consulta com o especialista e lhe avisará do dia e da hora. A principio, um sistema perfeito porque um posto de saúde perto de sua casa permitiria que o medico estivesse ambientado com moradores da região. Depois, a central de marcação ficaria responsável por lhe encaminhar a especialidade medica necessária. Mas vemos hoje, claramente que o SUS não funciona esta forma. Faltam médicos, boas condições de trabalho e interesse que este sistema funcione. Hoje, quem tem condições de pagar, tem plano de saúde. Um plano de saúde é a garantia de que você não vai morrer na fila de espera. Pelo SUS a marcação de uma consulta ao especialista pode demorar anos, ANOS. Para mim e também para muitos, virou matéria constante nos meios de comunicação, ver hospitais lotados e ultrapassados, médicos mal pagos, falta de especialistas. Bebes morrendo sem atendimento, idosos sendo carregados em cadeiras de rodas e permanecendo horas, dias na fila de espera aguardando um atendimento, na maioria das vezes, um péssimo atendimento. Claro que o governo sabe disso e atua (não com tanta pressa como deveria), tem o programa Saúde da família que faz parte de uma medicina preventiva. Existe também a figura do agente de saúde, uma pessoa que visita as famílias dando orientação de coisas básicas, como alimentação e saúde do bebe, procedimentos básicos de controle de saúde. Mesmo estes pequenos avanços sofrem boicote. Aqui na Prefeitura de Porto Alegre, o MP (Ministério Público) esta investigando o desvio de verbas do programa para outros fins, por parte das autoridades e empresa contratada.

O Brasil esta doente e com delírios de grandeza, nossos governantes brindam “índices econômicos” e esquece que a população precisa ter saúde de qualidade, escolas, universidades, comida na mesa. Nossos governantes esquecem que são eles, eleitos nas urnas pelo povo brasileiro, apenas gestores de uma quantidade imensa de dinheiro que não lhes pertencem, pertence a mim, a você e a todas as pessoas. Em cada caixa de fósforos comprada, pagamos impostos. O problema na realidade não é a falta de dinheiro para aplicar na saúde, mas sim no gerenciamento das verbas publicas. Graças a política neoliberal a palavra TERCEIRIZAÇAO, tomou destaques na forma de distribuição do dinheiro público, o que permite fraudes desvios de verbas por empresas contratadas para cuidar de algo que é obrigação do estado. Para mim de nada adianta saber que meu país será “A quinta economia do mundo” e que meus irmãos brasileiros morrem na fila de espera de um hospital.

O nosso país tem que parar de tapar o sol com a peneira – vivemos interligada, a palavra chave do nosso desenvolvimento não pode girar nas variantes de economia como o dinheiro por si só fosse resolver nossas principais debilidades, precisamos com urgência de uma boa e eficaz administração e gerenciamento das verbas publicas.

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