Ao longo Ao longo dos anos e se já vão mais de um século o povo paraguaio tem sido vítima de ditaduras militares, civis, regimes que não representam nem os interesses do país e nem os de seu povo.
A derrota de Solano Lopez, numa guerra financiada pelo imperialismo britânico e que envolveu Argentina, Brasil e Uruguai, serviu a propósitos dominadores, inconfessáveis e revestiu-se de um caráter bárbaro, do qual jamais os paraguaios conseguiram se recuperar, até porque, os sucessivos governos após essa malfada guerra onde o Brasil foi instrumento de uma potência imperial, transformaram aquele país numa espécie de apêndice, protetorado brasileiro.
O governo do general Alfredo Stroessner consumou uma relação de dependência, que na pratica equivale a ocupação de parte do território paraguaio por latifundiários brasileiros. A ditadura militar brasileira, num acordo que fere as tradições de nosso País e nossa gente, obteve do governo de Stroessner terras férteis para milhares de latifundiários brasileiros, já no que se prenunciava e hoje é realidade – a nossa agricultura sob o controle de empresas multinacionais do chamado agronegócio.
Perto de 400 mil latifundiários brasileiros detêm hoje o controle das melhores e mais produtivas terras do Paraguai. Controlam a elite política e econômica paraguaia, formam a força política e econômica de maior porte no vizinho país.
Os governos até a eleição de Fernando Lugo, nos estranhos acordos que resultaram na bi-nacional de Itaipu, nas exportações paraguaias pelo porto de Paranaguá – Paraná – e estranhamente transformaram aquele país num dos maiores produtores e exportadores de soja do mundo, a despeito de suas dimensões territoriais, num jogo sujo de contrabando a partir de quadrilhas de latifundiários brasileiros e os chamados brasiguaios, tem tido a cumplicidade dos governos brasileiros.
Não foi diferente no golpe de estado branco contra o presidente Fernando Lugo. E lamentável a atuação da diplomacia brasileira no episódio, sem que a presidente da República tivesse de fato tomado atitudes concretas e efetivas para a preservação da democracia paraguaia.
Um país como o Brasil não pode voltar as costas ao que acontece na América do Sul e nem consentir, se tem pretensões a se manter soberano e íntegro em seu território, em ser partícipe de um processo golpista, ainda mais sob um governo que se escora em um partido comprometido com a classe trabalhadora, pelo menos em sua história e em seu programa.
O que assistimos no desenrolar dos acontecimentos que culminaram no afastamento do presidente Fernando Lugo foi um Brasil dividido em dois. De um lado um governo tíbio, fraco, incapaz de reverter uma situação grave e que afeta diretamente nossa democracia ainda tênue e de outro, o poder político e econômico de elites brasileiras e brasiguaias a desfecharem um processo político que pelo menos imaginávamos fora da realidade atual da América do Sul.
Se a presidente Dilma Roussef condenou, num primeiro instante, o golpe, num segundo momento aquietou-se e aceitou uma realidade construída por um poder paralelo, remanescente dos mais sombrios períodos de nossa história e consentiu que o golpe contra Fernando Lugo se consumasse, na ausência de atitudes fortes, enérgicas, através de sanções que, certamente, se tomadas, estrangulariam o poder dos golpistas.
Cedeu aos latifundiários, cedeu às multinacionais do agronegócio, adotou a posição hipócrita de acreditar que eleições presidenciais em abril poderão fazer com que a democracia retorne ao Paraguai e a reação brasileira ao golpe não passou de um buscapé sem rumo, sem norte, tornando o Brasil cúmplice da ação.
A presença do senador Álvaro Dias, do Paraná, irmão do Ex Senador Estado, Osmar Dias, (vice-Presidente de Agronegócios e Micro e Pequenas Empresas, no Banco do Brasil. Quando era senador foi um dos cabeças da bancada ruralista.)e os interesses paraguaios – latifundiários – junto àquele Estado e ao porto de Paranaguá, desmoralizam a diplomacia brasileira, mostram a fraqueza do governo Dilma diante de situações graves como essa e agora, a carta pública da conselheira Marilene Sguarizi, defendendo-se de acusações de participação explícita do Conselho de Imigrantes Brasileiros no Paraguai, comprovam esse poder paralelo.
Nesse sentido cobramos do governo posições firmes, atitudes enérgicas, que vão além das alianças com Paulo Maluf e dos apoios de Kátia Abreu, que simbolizam a debilidade da presidente da República num processo político maior que as questões cotidianas de governo. Por sanções enérgicas contra o governo golpista do Paraguai.
Como reiteradas vezes tem dito o jornalista e imigrante Rui Martins, de presença ativa e no exercício de cargo relevante dos imigrantes brasileiros em todo o mundo, foi um golpe brasileiro, a partir de latifundiários, com a cumplicidade da diplomacia, sendo pífia e lastimável a atuação do chanceler Antônio Patriota, aliás, fraca em todos os sentidos e direções, figura menor que o cargo que ocupa (a RIO + 20 foi outro exemplo deplorável de um chanceler inexpressivo).
Fica nítida, em todo o processo, a incapacidade do governo brasileiro de tratar problemas dessa ordem, com repercussão negativa em todo o País e em toda a América do Sul, debilitando nossa posição no continente político, aceitando, inclusive, o jogo da grande potência mundial, os Estados Unidos, em nome de interesses inaceitáveis no plano externo e produto das concessões internas do governo a grupos comprometidos com multinacionais, potência estrangeira, fruto das alianças espúrias firmadas ao longo dos últimos anos.
Protestamos contra o golpe, protestamos contra a debilidade do governo Dilma Roussef, chega a ser cômica, não fosse vergonhosa, a carta da conselheira Marilene Sguarizi, em toda a nossa história jamais diplomatas brasileiros, como os que atuaram no curso do golpe paraguaio, nunca envergonharam tanto o Brasil, mostrando fraquezas e cumplicidade com um golpe de estado, num país como o nosso, que reconstrói a democracia a duras penas depois de anos de ditadura militar.
- Pela suspensão das exportações paraguaias pelo porto de Paranaguá.
- Pelo fim da ocupação do Paraguai por latifundiários brasileiros.
- Pela integração latino-americana.
Subscrevemos
-
assinando os integrantes da MARCHA VIRTUAL CONTRA O GOLPE NO PARAGUAY -5.108 membros no dia 05 de Julho de 2012 as 18:30 hs Brasilia,
Um comentário:
João Bosco Costa - Bosco-pontokom
Criações. art & manhas
RG 8.263.524 -9
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