quinta-feira, abril 29, 2010

A utopia de ser jornalista de esquerda, free-lance, no Brasil.

Jornalista free-lance e de esquerda, o que significa isso? Uma confissão de desemprego. Hoje cheguei ao meu limite. Sempre fui e sou a favor do diploma de jornalista, sempre acreditei na missão da comunicação para um mundo melhor mas hoje me deparo com o desemprego e a possibilidade de ter que me voltar a uma profissão mais lucrativa. Lucro é algo que sempre me deprime, fui alfabetizadora, participei de projetos cujo salário mais parecia ajuda de custos e no entanto eu trabalhei arduamente, sábados, domingos e feriados. Amo causas sociais, me dedico, me entrego. Poderia ter tentado um emprego de jornalista nos partidos políticos, mais ai vem a estúpida ética, ética que convive comigo e faz parte de mim, não sei viver sem ela - se sou uma jornalista vinculada a algum partido político perco a minha capacidade de crítica, tenho medo de comprometer a minha ética (já falei sobre isso). Aprendi Espanhol e estudo inglês, criei blogs, comecei a escrever para vários sites. A repercussão profissional foi e é maravilhosa, convites para escrever mais, participação em livros, contatos com profissionais qualificados mas o pão na mesa esta cada vez mais difícil. Sou formada pela Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre, uma universidade particular pela qual além do enorme pagamento mensal, aprendi a ter ética. Aprendi que um jornalista deveria informar ao público com imparcialidade, me ensinou a ter horror a manipulação e descobrir as bases da manipulação da notícia.  Hoje eu sei o que fazem os grandes conglomerados dos meios de comunicação de massa. Aprendi isso na universidade e lendo Humberto EcoPedrinho Guareschi e a Escola de Frankfurt. Decidi assim não fazer parte do esquema e vejo agora que minha auto-critica não tem tido muito sucesso com as contas de final de mês. Optei por assessoria a estudantes de mestrado e doutorado, revisão de dissertações e  teses. (Isso depois de ter conhecido o trabalho de dentro dos meios de comunicação.) Um trabalho interessante mas acontece uma coisa muito curiosa, comemos um ou dois meses e nos outros meses fazemos dietas. Talvez agora tenha que fazer o que centenas de brasileiros fazem, esquecer as utopias e tentar uma vaga como funcionário público.

3 comentários:

Tânia Marques disse...

Vai dar tudo certo. Pessoas como nós, onde estivermos, estaremos com a nossa bandeira de luta na mão, aproveitando as frestas deixadas pelo capitalismo para mudar essa situação que nos torna plena de indignação. Beijos e boa sorte.

Daufen Bach disse...

Olá minha querida!
...
eu não sei o que dizer! é um belo desabafo e verdadeiro. sou utópico...rs, de esquerda sou funcionário público afastado da função por nao querer ficar velho e com a bunda chata...rs, atrás de uma escrivaninha... ainda tentando, mas, igual a ti, frustrando-me sempre.

grande abraço a ti e, como disse A Tania Marques, vai dar tudo certo.

grande abraço a ti e nao desista não menina do sorriso bonito!

daufen bach.
(ainda existem os bolinhos de fubá... o café..risos)

Tânia Marques disse...

Tem um selo para o teu blog lá no Palavras e Imagens.
http://www.marquesiano.blogspot.com
Parabéns!
Beijos.